Seu interesse nela era quase exclusivamente profissional... Apesar de não acreditar por um momento se quer que Morgana Donavan tivesse poderes mágicos, Nash Kirkland a procura para ajudá-lo a desenvolver seu novo roteiro. Contudo, à medida que ela se revelava, Nash ficava cada vez mais encantado com sua exuberância e mistério. Ele sempre mantivera seus sentimentos sob controle, mas como poderia ter certeza de que sua irresistível paixão por Morgana era real? Afinal, se ela era uma bruxa, não poderia essa atração avassaladora ser fruto de mais um feitiço?
Os Donavan são uma família especial. Eles carregam em seu sangue o legado da bruxaria. Nash escreve roteiros que mexem com o mundo sobrenatural: vampiros, lobisomens... É famoso por isso, já ganhou até um Oscar. Agora, precisa de inspiração para um novo projeto, então procura Morgana, famosa em sua cidade por ser uma bruxa.
Ele não acredita no sobrenatural, o que ele gosta de fazer é brincar com a fantasia, criar mundos paralelos e dividir isso com as pessoas através dos filmes. Porém ele está prestes a mudar de opinião, porque pela primeira vez irá conhecer uma bruxa de verdade e isso é assustador, principalmente para um homem que tranca os seus sentimentos, pois a magia mais poderosa é aquela que vem do amor.
_ Já esteve na Vicca antes?
_ Não. Gostei muito.
_ Tem interesse por cristais?
_ Podia ter. _ Pegou ocasionalmente uma peça de ametista. _ Mas repeti geologia no colégio.
_ Acho que aqui eles não fazem provas. _ Ela apontou com a cabeça para a peça que ele segurava. _ Se quer entrar em contato com seu eu interior, deve segurá-la em sua mão esquerda.
_ Ah, é? _ Para lhe agradar mudou a pedra de mão. Odiaria ter de lhe dizer que não sentia nada além de uma ponta de prazer pela maneira como seu vestido roçava os joelhos. _ Se você costuma vir aqui, talvez possa me apresentar à bruxa.
Sobrancelha erguida, ela seguiu a direção do olhar dele ao fitar a loura, que terminava uma venda.
_ Você está precisando de uma bruxa?
_ Pode-se dizer que sim.
Ela virou seus maravilhosos olhos azuis para ele de novo.
_ Você não parece do tipo que viria procurar por um feitiço amoroso.
Ele sorriu.
_ Obrigado. Eu acho. na verdade, estou fazendo uma pesquisa. Escrevo roteiros de filme. Quero fazer uma história sobre bruxaria nos anos 90. Você sabe... Locais secretos, sexo e rituais.
_ Ah. _ Quando ela inclinou a cabeça, contas de cristal límpido balançaram suas orelhas. _ Nubentes fazendo danças rituais. - explicou. _ Misturando poções à luz da lua para seduzir suas vítimas indefesas.
_ Mais ou menos isso. _ Ele chegou mais perto e descobriu que ela cheirava ao úmido e escuro de uma floresta ao luar. _ Essa tal de Morgana, acha mesmo que é uma bruxa?
_ Ela sabe que é, Sr...?
_ Kirkland. Nash Kirkland.
A risada que deu foi alta e animada.
_ Claro. Eu me diverti com o seu trabalho. Gostei particularmente de sangue da meia- noite.
Você deu inteligência e sensualidade para o seu vampiro, sem esquecer da tradição.
_ Para caracterizar um morto-vivo não basta usar caixões e areia de cemitério.
_ Imagino. E para caracterizar uma bruxa não basta saber colocar um caldeirão no fogo.
_ Exatamente. É por isso que quero entrevista-la. Acho que ela é uma mulher muito inteligente para provocar tanto sucesso.
_ Sucesso? _ Repetiu ela, vergando o corpo para pegar um gato branco que perambulava por ali, roçando suas pernas.
_ A reputação que ela tem _ explicou. _ Ouvi falar dela em Los Angeles. As pessoas contam histórias estranhas.
_ Com certeza. _ Afagou a cabeça macia do gato. Agora Nash tinha dois pares de olhos o examinando. Um, de cobalto; outro, de âmbar. _ Mas não acredita em bruxaria, nem no poder.
_ Acredito que posso transformá-lo numa história muito boa. _ Ele sorriu, pondo um charme considerável nisso. _ E então, que tal? Você me apresentaria à bruxa?
Ela o analisava. Um cínico, concluiu, e dos mais presumidos. A vida pensou, era claramente um mar de rosas para Nash. Talvez fosse hora de sentir alguns espinhos.
_ Acho que não será necessário. _ Ela lhe estendeu a mão longa, fina e adornada com um único anel de prata trabalhada. Ele automaticamente apertou, depois deixou escapar um sibilo quando uma rajada de energia subiu até os ombros.
Ela apenas sorriu. _ Sou a bruxa que procura _ disse.