12 de mar. de 2014

   Inglaterra, 1.252. Uma vez cavaleiro... Eterno amante! Só mesmo uma ameaça à sua vida pode fazer com que Alisoun contrate David para proteger seu castelo. David foi um herói, um guerreiro habilidoso no manuseio da espada, e agora precisa de dinheiro para sustentar a filha órfã... E Alisoun corre um perigo grande demais para regatear. Ao chegar a George's Cross, David precisa recorrer à astúcia e à força que fizeram dele um guerreiro lendário, quando o inimigo de Alisoun começa a fechar o cerco. No entanto, depois de salvar a vida da jovem dama, ele ficará surpreso ao descobrir que a bela Alisoun se apoderou de seu tão bem protegido coração... 
   David, ex-lenda viva, ex-campeão do rei e herói, é contratado por Lady Alisoun como mercenário, para fornecer proteção a ela e a seu povo de um inimigo misterioso. Com o decorrer da história, entramos em contato com um cavaleiro com fraquezas bem humanas e que em nada lembra um herói medieval. Além disso, tem muita sensualidade para perceber quem é realmente a fria e distante Lady Alisoun.
   _ Você é o lendário Sir David de Radcliffe? Uma voz feminina melodiosa quebrou o seu estado de torpor ao mesmo tempo em que sentia uma cutucada nas costas. Com cuidado, David entre abiu um olho. Altas árvores amareladas mudaram a sua visão. Piscou e as árvores se transformaram na palha espalhada pelo chão no qual estava deitado.
   _ Gemendo, se lembrou: a taverna de Sybil; uma manhã dedicada à espuma de um copo e, finalmente o esquecimento de um bêbado.
   Voltou a fechar os olhos, pois era só o que tinha forças para fazer.
   _ É o lendário Sir David de Radcliffe ou está morto?
   A pergunta veio acompanhada de um chute nas costelas e, antes que se desse conta, girou e agarrou o pé num único movimento.
   _ Não estou morto, ainda. Mas você estará se não parar de me chutar.
   A figura delgada diante dele não gritou, nem demonstrou qualquer sinal de medo. Ela simplesmente mudou de posição para se equilibrar e fez um sinal para que os dois homens que montavam guarda ao lado da porta se aquietassem. 
   Resmungando, os dois corpulentos retomaram seus postos, e a mulher repetiu a pergunta:
   _ É o lendário Sir David de Redcliffe? Devia estar perdendo o jeito, pois a mulher não se mostrava nem um pouco intimidada. Soltou o pé e levou as mãos ao rosto, esfregando-o para ver se aliviava um pouco a dor que sentia.
   _ Se eu disser que sim, irá embora?
   Tão impiedosa quanto a fome que destruíra todos os seus sonhos, ela questionou:
   _ É David de Radcliffe, o campeão do rei?
   Afastando os cabelos dos olhos, ele cambaleou e caiu num dos bancos. A mulher o estava deixando doido.
   _ Não sou mais o campeão.
   _ Contudo é o lendário mercenário que salvou nosso soberano quando os franceses o derrubaram do cavalo: aquele que manteve doze cavaleiros ocupados enquanto o rei voltava a montar e escapava?
   _ Quinze.
   _ Como?
   _ Quinze cavaleiros. _ Com movimentos lentos, ele se espreguiçou até que as costas se apoiassem na mesa e estendeu os braços para apoiá-los na madeira. Esticou as pernas e fincou os calcanhares na palha ao examinar sua torturadora.
   Ela era alta. Alta a ponto de olhar a careca do rei por cima. Delicada.Duvidava que a pele alva já tivesse enfrentado o sol impiedoso, ou que os dedos longos tivessem trabalhado duro. Era rica. A roupa branca que moldava as curvas e as peles que adornavam o decote deviam valer mais do que todas as suas terras.
   Sentiu o gosto amargo da derrota mais uma vez. Tudo pelo que tinha trabalhado a vida inteira se transformara em cinzas, e agora apenas o desastre o esperava. Sua filha sofreria. Seu povo passaria fome. Não havia meio de salvá-los.
   O lendário mercenário, David de Radcliffe _ a dama anunciou. Ela nunca iria desistir?
   _ Eu sou David.
   _ Muito bem. _ a mulher fez um gesto à dona da taverna para que trouxesse cerveja e sentou-se no banco de outra mesa. _ Preciso de um mercenário.
   _ Para quê?
   _ Só ficarei satisfeita com o melhor. _ A nobre dama aceitou uma caneca e fitou o conteúdo.
   _ Quais seriam minhas obrigações? - Ele esticou a mão para pegar a outra caneca...
   _ O que quer de mim?
   _ Proteção.
   _ Para o quê? Seu castelo, suas terras?...
   _ Para mim.
   Ficou furioso por ver o ouro escapar de suas mãos com tanta rapidez.
   _ Não me meto entre marido e mulher.
   _ Não pedi que fizesse isso.
   _ E de que mais uma mulher precisaria de refúgio? Seu parceiro poderia protegê-la de todo o resto.
   _ Eu sou viúva - Ela informou ao colocar as mãos na cintura.
   Ele a observou com atenção e disse:
   _ Uma viúva rica.
   _ Exatamente.
   _ Viúva há pouco tempo?
   _ Está interessado no trabalho? 
   A pergunta direta censurava a sua curiosidade, mas David não se importou.
   _ Tem algum pretendente inoportuna? _ Tentou adivinhar.
   Ela permaneceu calada, os olhos frios como gelo. Parecia que não revelaria seus motivos.
   Muito bem. Descobriria com o tempo. Tirou a palha das roupas e disse:
   _ Sou uma lenda e lendas custam caro.
   _ Era o que eu imaginava - Ela respondeu.
   A nunciou a exorbitante soma de três libras inglesas e ela assentiu.
   _ Ao mês - Ele acrescentou.
   _ É justo.
   Mais uma vez, voltou a examiná-la. Não havia pensado que ela era uma lola, mas todas as mulheres eram. Assim como os homens que acreditavam poder conseguir dinheiro com uma fama ultrapassada.
   _ Um mês de adiantamento.
   Ela abriu a bolsinha, contou as moedas e as mostrou.
   _ Isso é garantia o suficiente de minhas boas intenções?
   Porque contar para ela? Ela se vestia bem, o tratava bem, era rica... Que mal veria em se aproveitar de um pouco de sua fortuna? Com cuidado, segurou as moedas e prendeu a mão dela nas suas. Sentiu a pele delicada e o frio metal. Pensou na felicidade que teria que de quebra-la e em quanto precisava daquele dinheiro. Afastou a mão, tentando se livrar da sensação do ouro entre os dedos.
   _ Não sou o homem de que precisa _ Dizendo isso, se dirigiu para a porta, bem a tempo de desprezar a comida que Sybil trazia.
   Com r, David abriu os olhos para enfrentar o sol inclemente e perguntou:
   _ Quem é você?
   _ Sou Alisoun a condessa de George's Cross.
   Ela parecera clara na sombria taverna, mas sob a luz do sol, resplandecia. Vestido branco, pele alva e sardas? Com certeza estavam ali contra a vontade dela. Ficou contente ao perceber que algo parecia desafiar o comando da dama.
   Tão persistente quanto a sua filha, Lady Alisoun voltou a perguntar:
   _ É ou não Sir David de Radcliffe?
   _ Já disse que sim, entretanto também informei que não sou mais o campeão do rei. _ Virou-se, pois não queria ver o desprezo no rosto dela. - Quer contratar o campeão, e não sou mais ele. 
   _ Não é mais o campeão? _ Ela soou surpresa. _ desde quando? 
  _ Desde hoje de manhã. _ Seu estômago se revoltou ao se, lembrar de tudo. _ O lendário David de Radcliffe foi derrotado na competição de hoje cedo.
   Ela permaneceu em silêncio por um instante, e ele se voltou para olhá-la. Por fim, Alisoun disse:
   _ É uma pena que isso tenha acontecido no momento em que preciso de você. Mas necessito de uma lenda e não de um campeão de uma batalha só.
   Quero você.

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